António Maria de Azevedo Machado Santos

António Maria de Azevedo Machado Santos

O político republicano Machado Santos nasceu em 1875. Foi membro dirigente da Carbonária e um conspirador antimonárquico extremamente activo. Na altura comissário naval, foi o chefe militar da revolução republicana vitoriosa de 5 de Outubro de 1910, cabendo-lhe comandar a força que ocupou a Rotunda, em Lisboa. Pelo excepcional espírito combativo demonstrado e pela eficácia da sua acção, a Assembleia Constituinte, em 1911, promoveu-o a capitão-de-mar-e-guerra, concedendo-lhe ainda uma pensão anual a título vitalício. Mais tarde, Machado Santos chegaria ao posto de vice-almirante.

Dos acontecimentos da Rotunda dá conta um Relatório , que foi escrito pelo próprio Machado Santos mas não constitui fonte absolutamente fiável, uma vez que o autor não assistiu a certos sucessos que menciona, antes reproduz informações que recolheu junto de outros intervenientes nos combates de 1910.

Depois da instauração da República, curiosamente, Machado Santos revelou-se uma personalidade irrequieta e perturbadora da própria estabilidade do regime. Tornou-se evidente a sua incompatibilidade com a orientação política do País e a generalidade dos seus dirigentes. Nos jornais, criticava acidamente quase todos os governos, em intervenções incómodas e nem sempre claras quanto à orientação política que preconizava como alternativa. Foi apoiante de Sidónio Pais, em cujo consulado foi ministro (responsável pela pasta do Interior) e secretário de Estado (das Subsistências e Transportes), mas depois passou também a opor-se-lhe. De qualquer forma, as suas convicções republicanas foram claramente afirmadas no empenho que pôs em enfrentar a Monarquia do Norte.

Morreu assassinado, em 1921, durante a chamada Noite Sangrenta , juntamente com António Granjo.

 

Cronologia

 

1891: Alista-se na Marinha em 29 de Outubro.

1892: Aspirante de 2.ª classe ou 2.º comissário.

1895: Comissário naval de 3.ª classe ou 3.º comissário.

1908: Em Junho é iniciado na Carbonária; participa na revolta do 28 de Janeiro.1910: Tem o posto de segundo-tenente ou comissário de 2.ª classe, na altura da Revolução de 5 de Outubro de que é o principal protagonista; a 12 de Novembro funda o jornal O Intransigente.

1911: É eleito deputado para a Assembleia Constituinte; condecorado como capitão-de-mar-e-guerra.

1913: Tentativa revolucionária de 27 de Abril.1914: Distúrbios em Lisboa na noite de 26 de Janeiro.

1915: Participa no Movimento das Espadas.

1915: Ditadura de Pimenta de Castro; é preso e deportado para os Açores.

1916: A 13 de Dezembro chefia a Revolta de Tomar; novamente preso vai para a prisão do Fontelo, em Viseu.

1917: Ministro do Interior no primeiro governo presidido por Sidónio Pais.

1918: Secretário de Estado das Subsistências e Transportes no segundo governo sidonista até 11 de Maio; em ruptura com Sidónio Pais propõe no Senado uma amnistia.

1919: Organiza um grupo de combatentes que luta contra os revoltosos monárquicos acampados na Serra de Monsanto; salva a República, mas retira-se da actividade política.

1921: Morre assassinado, em Lisboa, na Noite Sangrenta de 19 de Outubro.